domingo, 16 de agosto de 2015

Resenha #16: Êxodo - A Saga do Ouro Azul

Êxodo – A Saga do Ouro Azul
Autor: Clóvis M. Fajardo
Editora: Autografia
Número de páginas: 88

Nota: 3 SUBMERSOS (BOM)
Sinopse: Êxodo – A Saga do Ouro Azul – O ano é 2065. Tudo termina aqui! A água… A humanidade… A crise da água chegou ao extremo limite, e com ela o desemprego, a fome, o medo e a revolta. A falta de um recurso tão essencial nivelou ricos e pobres em uma única categoria: sobreviventes. No Brasil um apagão geral deu início ao êxodo urbano desencadeando uma guerra urbana: a Guerra Azul. A água, o Ouro Azul, tem seu devido respeito nessa obra singular marcada pela fé, não somente em Deus, mas no futuro e nas próprias pessoas.

       Imagine que você está vivendo em uma São Paulo futura. O ano é 2065. E tem um grave problema: a água está em falta. A população anseia por uma gota sequer, grita por salvação. Com a crise hídrica, as luzes da cidade chegaram ao seu fim com um grande apagão. A esperança é o único sentimento sobressalente. Você só quer uma coisa: o ouro azul. Esse é o drama contado no livro Êxodo – A Saga do Ouro Azul, antologia (conjunto de contos) futurista do autor, e também parceiro do blog, Clóvis M. Fajardo.


Existem diversas formas de o mundo acabar. Guerras, tsunamis gigantescos, asteroides, invasões alienígenas, epidemias. Mas o que Hollywood nos esconde pode ser a pior forma de acabar o mundo: sem água.
       A antologia reúne oito contos que relatam ao leitor a situação do povo, com foco nos paulistas, com a sede provocada pela escassez de água. As estórias acontecem cinquenta anos mais tarde que 2015, ano em que na trama marcou a falta de água nas torneiras, o que não deixa de ser realidade.
        O que achei bem interessante é que o autor deixou evidente que mesmo com toda essa situação, a ganância e o orgulho continuam a preencher os corações de muitos. Empresas capitalistas aproveitaram-se da situação para lucrar mais e mais. Com isso o leitor pode refletir sobre até que ponto chega a maldade humana. Um fato digno de ressalva é que tal problema não se limitou à sede. De certo modo causou desemprego e o aumento da inflação.


Eu vi o começo da crise da água, eu vi o seu desenrolar. Estamos apenas no começo da crise. O pior ainda não aconteceu.
       Outra coisa que me agradou é que os contos se interligam. Assim, um complementa o outro. Coisas que acontecem em um, exploramos melhor em outro. Vou dar um exemplo, que espero que não seja considerado spoiler. Em uma das estórias, um personagem invade uma casa e rouba a água lá encontrada. No conto seguinte, conhecemos a estória de um casal. E então marido e esposa descobrem que sua água foi roubada. Quem perceber, chega à conclusão de que os dois contos se interligam.
       Agora devo pontuar os fatos negativos de Êxodo. Primeiramente, eu achei que Fajardo exagerou na religiosidade das estórias. Por muitos momentos os personagens diziam coisas características da Bíblia, como se fossem personagens dela. Admito que por vezes eu esquecia que a estória se passava no futuro, mas sim há milênios. Algo que também me incomodou foi a ausência feminina atuante, visto que os contos são protagonizados por homens, e as poucas mulheres existentes de nada servem, por assim dizer. Seria muito mais interessante se o autor construísse mulheres mais evidentes.


Muitos se perguntam quando será o Apocalipse. Eu respondo: ele já foi... Quando, eu não sei. Mas tenho certeza de que fomos deixados para trás no Planeta Terra.
       Uma coisa me chamou atenção: a presença de bebês, crianças e grávidas. “Como assim, Davi? Qual o seu problema?” Bem, numa realidade em que água é coisa rara, é de se esperar que os casais evitassem ter filhos. Raciocinem comigo: a pessoa já está passando por poucas e boas, enfrentando além da sede, fome e doenças. Por que raios ela decidiria ter filho? Além da situação agravar, seria mais um sofredor no mundo. Então, achei isso um pouco estranho.
       Devo também ressaltar algo que, pessoalmente, me incomodou. Quase todos os personagens não possuem nome, o que é comum em contos, sendo assim citados como "ele" ou "ela". A mãe da Katniss curtiu isso.  Se Fajardo tivesse dado nome a pelo menos pra maioria de seus personagens, eles adquiririam certo ar de verdade, fugindo do padrão de contos. Já falei que não gosto de padrões?


Entretando, olhando ao redor, um cenário desesperador: apenas um imenso deserto tortuoso, da flora agonizante, debaixo da ponte que passávamos.

        Mas apesar dos pesares, Êxodo é um livro impressionante, plausível e curioso. Além disso, com uma temática real com possibilidades reais. A falta d'água é algo sério e importante para ser discutido. O livro consegue gerar uma boa discussão. Também nos faz refletir sobre o que é realmente importante para as pessoas. Seria aquele modelo novo de celular? Aquela roupa? Ou seria aquela água que tanto desperdiçamos? Aquela que em falta colocaria a todos nós, ricos ou pobres, em um só nível? Por isso indico Êxodo - A Saga do Ouro Azul, pra aqueles que buscam estórias que podem gerar um debate, ainda mais de assuntos de extrema importância. Até a próxima, submerso!


A água durou alguns meses, e quando ela acabou decidimos que era hora de partirmos para um novo local, garimpar novas terras até atrás do ouro azul, sobrevivendo dia após dia, no mundo que restou depois da Guerra Azul.
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3 comentários:

  1. Achei interessante, me interessei muito nesse livro da próxima vez que for para livraria vou procurar por ele.

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  2. Adorei sua resenha, to esperando o meu chegar!
    Já estou seguindo o blog, adorei aqui, ficarei feliz se puder retribuir.
    Beijos, Tabatha
    http://aproveiteolivro.blogspot.com.br/

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  3. Não conhecia esse livro ainda, fiquei curioso para lê-lo. Isso de "ele/ela" e ausência de nomes é comum em muitos contos, mas também é algo que se deve ser evitado, empobrece o texto. Não digo para não usar, há momentos em que você tem que usar, mas ficar o tempo todo apenas usando "ele/ela" não fica bom. Acho legal quando nem sempre sabemos o nome de alguns personagens, mas quando é algo restrito a um personagem, e não quando não sabemos o nome de vários. Para não nomear um personagem o melhor é substituir o "ele/ela" por adjetivos. Vou adicionar o livro aos meus desejados do Skoob.

    Autor de A Página Certa
    www.laplacecavalcanti.com

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